Mesmo tendo escrito um livro contando a história da Mídia Exterior na cidade de São Paulo, muitas vezes tenho dificuldade em exprimir o que é a bendita mídia exterior e o que busco com esse tipo de abordagem. Bom, sou geógrafo e como tal meu objeto de estudo é o espaço geográfico. Na concepção mais teórica o espaço geográfico é entendido como um sistema indissociável de objetos e ações. Chamamos território. Todos fazemos parte de uma nação, de uma determinada sociedade, cultura, etc e portanto tudo isso ocorre em um determinado espaço que não só é influenciado por esses itens como também exerce influência sobre os mesmos.
O que enxergamos no espaço se chama paisagem e esta pode ser composta de uma série de coisas tais como montanhas, edificações, cachoeiras, a sala da sua casa, ou seja, o que tú estiver vendo! O grande esforço do geógrafo é tentar explicar o que enxerga, especialmente a organização ou desorganização das coisas que escolhe pesquisar.
O que aprendemos na escola sobre geografia: as capitais da pqp, o nome dos rios da casa do chapéu, e outras decorebas geralmente inúteis, não refletem o propósito dessa ciência que tem uma produção muito interessante no Brasil sobretudo a partir da obra do Professor Milton Santos.
No meu caso em especial, eu trabalho com Mídia Exterior desde 1995 produzindo artes finais para anúncios em painéis, projetando estruturas metálicas, licenciando anúncios e por fim assessorando as empresas desse segmento na comunicação através de folders, anúncios, catálogos, websites, etc.
Pouco a pouco percebi que os painéis, enquanto elementos participantes da paisagem, possuiam uma série de particularidades que, devidamente dissecadas, ajudavam a entender as coisas que acontecem no “lugar” e em outros “lugares”. Daí comecei essa epopéia de verificar os processos que promovem a existência de outdoors, front-lights, e toda sorte de engenhos que encontro nas cidades. Essas particularidades dizem muita coisa e esse diálogo eu tento expor nesse canal aqui.
Um dos principais desdobramentos dessa linha de pesquisa esta sendo entender outras manifestações de ocupação da paisagem como o grafite a pichação e outras manifestações culturais como os tapetes de serragem ou não que tomam ruas de muitas cidades brasileiras no dia de Corpus Christi. Mas isso ainda está na gaveta, o que realmente trabalho hoje é com a Mídia Exterior e muito brevemente estarei visitando outras cidades latinoamericanas justamente para ver o que existe de engenhos publicitários nestas e o contexto, isso por conta do mestrado que desenvolvo na Universidade de São Paulo.
Acho que é isso
Sérgio Rizo
sergio_rizo@hotmail.com